Agentes demitidos
protestam em frente a Secretaria de Saúde e Prefeitura
Divulgação do Jornal dos Agentes de Saúde do
BrasilBARRA DO PIRAÍUm impasse entre a Cruz Vermelha
Brasileira, filial do município, e o governo municipal motivou uma manifestação,
na quarta-feira, de Agentes Comunitários de Saúde. Com gritos de “prefeito cadê
você eu trabalhei quero receber”, a mobilização aconteceu em frente à sede da
Secretária Municipal de Saúde (SMS) e da Prefeitura. Os 44 trabalhadores, que
foram demitidos no início do mês, reivindicavam o recebimento de suas verbas
rescisórias.
A Prefeitura joga a responsabilidade para a Cruz Vermelha do
município que afirma ser da Administração Municipal. Depois do manifesto, a
Prefeitura de Barra do Piraí recebeu, através da Procuradoria do Município, uma
comissão de pessoas representando os Agentes de Saúde e o Sindicato dos
Empregados de Saúde do Sul Fluminense (SESF) para uma reunião. Foi informado na
reunião que a Cruz Vermelha manteve com um contrato de terceirização de serviços
com a Prefeitura até a realização do Concurso Público. E com o chamamento dos
concursados e a rescisão do contrato, a Cruz Vermelha demitiu seus trabalhadores
e alega não ter como pagar as rescisões, mesmo tendo recebido em dia os repasses
do governo municipal para a administração dos serviços.
Ainda na reunião,
a Procuradoria do Município, tendo como representante o advogado José Mauro
Filho, explicou que o contrato de prestação de serviços era com a Cruz Vermelha,
que contratou e assinou a carteira de trabalho dos prestadores. “A Prefeitura de
Barra do Piraí tem por prática o cumprimento de todos os contratos em dia. Não
podemos ser responsabilizados se a Cruz Vermelha recebeu e não fez o pagamento
correto nas rescisões”, comenta o advogado. Ficou acertado também que haverá
mesa redonda onde o município irá apresentar todos os seus comprovantes de
pagamento com os demais envolvidos para a resolução dos
problemas.
PRESIDENTE DO SESF PARTICPA DA REUNIÃO
A presidente do
Sindicato dos Empregados de Saúde do Sul Fluminense (SESF) Regina Medeiros,
explicou que os 44 agentes foram dispensados no último dia 2, para que os
aprovados no Processo Seletivo pudessem ser convocados, mas não receberam o que
lhes é de direito. “Está acontecendo um jogo de empurra. Todo mundo tira sua
responsabilidade. O que não pode acontecer é os trabalhadores arcarem com esse
impasse. Eles têm que chegar a um acordo”, analisa.
Regina explicou que
se reuniu com o prefeito José Luiz Anchite e com representantes da Prefeitura
para tentar alguma saída para o caso, mas nenhum acordo foi feito. “Não viemos
para brigar, mas para conseguir uma solução para o problema. Não sei quem é o
culpado, se é a Cruz Vermelha ou a Prefeitura. Sei que os trabalhadores
demitidos precisam receber”, aponta.
A sindicalista ressaltou que a
próxima conversa deve acontecer, em breve, em uma mesa redonda, na Delegacia
Regional do Trabalho de Volta Redonda. “Já foi feito o pedido para a realização
da mesa redonda, que terá a presença de ambas as partes. Se nada foi resolvido,
iremos entrar com uma ação individual no Ministério do Trabalho denunciando o
caso. O prefeito se comprometeu a ir. Minha preocupação é chegar o fim do mês e
os trabalhadores não receberem. Todos têm contas para pagar”, completa a
sindicalista.
PRESIDENTE DA CRUZ VERMELHA ACREDITA EM QUESTÃO
POLÍTICA
Ouvida também pela equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE, a
presidente da Cruz Vermelha, filial de Barra do Piraí, Hélia de Carvalho
Parrini, garante que a instituição nada tem a ver com situação, já que foi
contratada, em 2004, pela Prefeitura apenas para dar treinamento aos agentes e
fazer o serviço burocrático de escritório. Ela acredita que os verdadeiros
responsáveis querem tirar o corpo fora deixando os 44 funcionários, que são
pessoas humildes, sem assistência. “É uma ação que choca qualquer um. Ao invés
de proteger o povo, o governo municipal faz os trabalhadores se meterem nessa
confusão sem tamanho”, declara, lembrando que não sabe como esses funcionários
foram contratados e agora são deixados de lado.
Para a presidente da Cruz
Vermelha, tudo o que está acontecendo não passa de questão política, já que seu
marido, o ex-presidente da entidade José Luiz Parrini é candidato a prefeito
pelo PDT, partido que não apóia o candidato do atual prefeito. “Não acho que
isso seja uma questão política. Eu tenho certeza de que é. Tudo isso para fazer
tumulto eleitoral. Na verdade, querem desmoralizar a candidatura do meu marido e
acabam atingindo pessoas humildes, trabalhadoras que precisam trabalhar para
sobreviver”, declara, lembrando que ao invés de fazer uma campanha alegre
competitiva honestamente, tratam de fazer do pleito uma briga pessoal que acaba
sobrando para pessoas inocentes. “A população não merece tanto desgosto.
Demitiram essas pessoas simples e capacitadas para contratar outras sem nenhuma
capacitação. Não estão nem ai como será o tratamento da população”,
completa.
A presidente lembra ainda que, há oito anos, a Cruz Vermelha
atendeu bem a prefeitura. A partir deste ano, tudo mudou. Por isso, ela garante
que a questão é política. “Preparamos um texto de esclarecimento para a
população. Estamos explicando tudo o que aconteceu. Para se ter uma idéia, o
Hospital da Cruz Vermelha, que conta com 40 leitos e funciona desde 1932, não
recebe nenhuma verba da prefeitura, vive de ajuda de voluntários, dos poucos
associados e da população em geral. O hospital tem como objetivo atender a
população carente. Por isso, quem trabalha na unidade oferece serviço gratuito.
Todos nós somos voluntários. Fazemos um belo trabalho gratuito, por isso ficamos
tristes ao ver o poder público agir dessa maneira”, avalia.
A agente
Roselane Aparecida Marques contou que ficou sabendo que seria demitida no
próprio dia 2. “Eles ligaram de manhã para o posto de saúde pedindo que
levássemos a nossa carteira para dar baixa. Foi um susto. Temos filhos, contas
para pagar e não recebemos nada até hoje e nem temos previsão de quando iremos
receber”, fala.
Há cinco anos trabalhando como agente, Esli Cortes da
Silva Siqueira, 57 anos, não sabe como irá fazer se não receber os valores
rescisórios. “Somos quatro pessoas lá em casa. Meu marido infartou e está
encostado recebendo um salário mínimo. Preciso do dinheiro para ajudar a
sustentar minha família”, conclui.